2016-06-23

Cultures and Organizations



Um amigo meu visitou recentemente a Holanda e em conversa posterior veio a propósito falar de um livro que achei muito interessante sobre as culturas e formas de organização de diversos países. A imagem ao lado é da edição inglesa em paperback de 1994 (a 1ª edição é de 1991).

O autor Geert Hofstede, de nacionalidade holandesa, define várias características de uma cultura (genérica) e ordena os países em relação a cada uma dessas características.

Nas características das diversas culturas nacionais Portugal costumava estar longe das características predominantes nos países mais desenvolvidos mas havia uma ou outra excepção.

Uma excepção curiosa era de estarmos muito próximos da Holanda em relação à predominância de valores femininos, designadamente de ambas as sociedades serem mais inclusivas do que exclusivas, em relação aos seus membros.

O autor justificava esta similitude de valores nas sociedades holandesa e portuguesa porque, tendo sido sociedades de navegantes, em ambos os países os elementos masculinos dos casais estiveram ausentes do lar familiar durante largos períodos, levando as mulheres a uma posição de maior autoridade em casa, favorecendo a inclusão.

O livro foi-me sugerido num voo para Amesterdão (acabo de verificar que foi em 1999) pelo passageiro da cadeira ao lado, que se tratava de um polícia que tinha vindo passar umas férias em Portugal e que se dedicava na altura a fazer um mestrado ou um doutoramento numa Universidade da Holanda.

Confesso que fiquei surpreendido por um polícia estar a tirar um mestrado ou um doutoramento, reconheço que era um preconceito (mais um  como este) de que entretanto me libertei, mas o insólito da situação levou-me a adquirir e ler com muito gosto e proveito o livro de que falo.

O autor foi criticado pela metodologia que seguiu de entrevistar apenas empregados da empresa IBM no seu estudo, pois tratava-se de uma amostra claramente enviesada da população. Em sua defesa o autor argumentou que sabia que se tratava de uma amostra enviesada mas, dada a profundidade com que os valores culturais de uma sociedade afectam todos os seus membros, ao escolher apenas os trabalhadores da IBM fazia ressaltar as diferenças de sociedade para sociedade pois a IBM procurava funcionários com perfis profissionais semelhantes em todos os países.

De uma forma geral a análise das diversas características pareceu-me bastante realista e ainda me lembro de o autor referir que em Portugal, nesse aspecto bastante diferente da Holanda, as pessoas se interessarem mais pela posse de um diploma universitário, do que por aprender as matérias que eram leccionadas, preferência que me chocava e que eu sabia corresponder à realidade, quando passei pelo IST entre 1966 e 1971 e que presumo prevalecer nas outras escolas superiores do país de então.

Se calhar ainda vou reler algumas partes do livro, agora que falei nele, como prometera num post recente.




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