2018-03-24

Imagem de tribunal chinês


Tirei esta foto na casa duma pessoa amiga (estava por  trás dum vidro e ficou com alguns reflexos)


e interroguei-me se seria uma cena dalgum tribunal. Entretanto fiquei a pensar porque é  que pensei que a cena poderia ser dum tribunal.

Será por ter um homem acima de todos os outros? Depois existem dois homens talvez de joelhos face ao que está em cima e 8 homens em pé olhando para os que estão de joelhos.

A simetria perfeita quanto à disposição dos chapéus dos homens em pé faz pensar que são membros de uma instituição, ajudantes da  figura central.

Andei à procura de imagem semelhante directamente através do Google images sem sucesso imediato, apenas conseguiu caracterizar a imagem que mostrei como uma pintura (painting).

Prossegui a busca e encontrei as imagens "Tribunal_China_1 a _3 que dão a ideia que a "presunção de inocência" deve ser uma aquisição relativamente recente, quer no Ocidente quer na China, pois parece que os réus já só pedem clemência, a absolvição parece bastante afastada.


Tribunal_China_1, imagem encontrada aqui


Tribunal_China_2, imagem encontrada aqui

Tribunal_China_3

Estas imagens são perspectivas provavelmente ocidentais dos tribunais chineses de outras épocas e não sendo certificadas como boas representações do que se passava parecem-me contudo certificar que a primeira imagem que mostrei neste post se trata efectivamente dum tribunal chinês.

Entretanto continuei a busca na internet e vi umas figuras com um estilo parecido (donde concluo que a datação por estilo tem a sua razão de existir embora minorando a tão citada criatividade artística que nem sempre será tão criativa assim) que chamavam Pith Paper Paintings e que podem ser vistas aqui.

Estas "Pith paintings" são da dinastia Qing (Manchu) li que as obras antigas deste tipo são mais frequentemente datadas da segunda metade do século XIX. Neste artigo contudo referem 1830-1840 como o período mais activo da produção destas pinturas.

Depois vi uma cena que me fez dizer "Eureka!" (não literalmente porque o meu grego clássico não dá para tanto) ao descobrir a imagem,

 Tribunal_China_4


pintura interessantíssima pois representa o mesmo tema da primeira figura deste post mas com pequenas variantes. Continua a parecer um tribunal, um pouco mais austero. Existem 4 figuras na direita e na esquerda e em ambas as imagens os chapéus usados gozam de simetria, devem ser os "braços esquerdo e direito" do juiz.


Mostro também snapshot do ebay (Antique chinese painting on rice paper pith paper finely detailed figures 3/7 | eBay ) onde a Tribunal_China_4 está à venda por 575£ mais uns portes.



Para finalizar refiro um artigo dos Kew Gardens onde dizem como conservar estas pinturas



 
sobre um suporte muito delicado: "Instead of being made from plant fibres matted together, as with traditional paper, the soft white support is a thin slice of the stem of the Tetrapanax papyrifer plant."

E da Royal Horticultural Society informação e uma foto da Tetrapanax papyrifer:







2018-03-22

Primavera 2018


Tirei esta foto no princípio de Maio de 2015 mas também é boa para comemorar a passagem do equinócio da Primavera de 2018.

Julgo que tirei esta foto no modo paisagem (largura maior do que a altura) mas por qualquer motivo guardei-a no modo retrato. Ou então tirei-a no modo retrato a apontar para o chão.

Agora quando olho para ela em modo retrato parece-me que estou a olhar para uma parede coberta de vegetação mas as inflorescências, em forma de esferas de cores branca e violeta que devem ser de trevos, sugerem que se deve tratar de um chão.

Engraçado como a relação entre a largura e a altura de uma imagem nos pode levar a pensar que se trata de um plano horizontal ou vertical, quando se pode tratar apenas de um enquadramento ou de uma tomada de vista pouco habitual.



2018-03-17

Campo de flores no 10º aniversário


No dia 17 de Março de 2008 publiquei neste blog o primeiro post. Desde essa altura publiquei 1045 posts o que dá uma média de 0,28 posts/dia ou 1 post cada 3,5 dias ou mais simplesmente 2 posts por semana.

O blogue tem poucos comentários o que, considerando os comentários mais frequentes na net, não é necessariamente mau. Constato contudo nas estatísticas que o blogue continua tendo leitores. Além disso, gosto de passar a escrito alguns pensamentos que me vão ocorrendo e partilhar umas imagens que me aparecem, pelo que vou continuar esta actividade de bloguista.

Desta vez publico mais uma imagem de flores sobre um prado dos Olivais.




2018-03-13

Jardins rochosos na calçada de Lisboa


Hesitei bastante antes de publicar estas fotos sobre as humildes plantas que crescem nos pequenos interstícios entre as pedras que constituem a calçada dos passeios lisboetas, como esta que mostro a seguir, enriquecidas com uma tentativa (não 100% segura) do Paulo V. Araújo (PVA) de as identificar num comentário deste post

PVA: trevos, talvez o Trifolium tomentosum

Estas fotos foram tiradas entre Maio/2013 e Jun/2016 e o texto que vou escrevendo não representa uma  forma cínica de apresentar um eventual problema. Como julgo que a maior parte das pessoas eu achava que estas ervinhas representavam desleixo na manutenção dos passeios.

PVA: foto é de um Lotus

Contudo ultimamente tenho gostado de ver a pujança como brotam estas plantas, em qualquer altura do ano, mas sobretudo na Primavera que em Lisboa costuma chegar um bocadinho antes do equinócio

Lembro-me de quando andava no IST estarem frequentemente umas jardineiras com umas pequenas ferramentas manuais a arrancar ervinhas do gigantesco empedrado


existente entre a escadaria no topo da Alameda D.Afonso Henriques e o pavilhão central do Instituto, mostrado acima numa vista geral e a seguir com mais detalhe


Uma pessoa a andar no empedrado apercebia-se com mais facilidade das imperfeições existentes do que destes interessantes padrões geométricos que terão sido  percepcionados pelos projectistas nos desenhos sobre estirador do projecto e agora finalmente com o Google Earth e os drones cada vez mais banais.

Agora que penso um pouco mais neste tema julgo que o problema reside na falta de frequência de pisoteio na  calçada em questão, o empedrado tem uma função monumental, tendo uma largura desajustada em relação ao número de pessoas que por ali passa, fazendo com que as jardineiras tenham um autêntico trabalho de Sísifo, quando acabam de limpar o terraço já outras ervinhas despontam na zona por onde começaram a arrancá-las.

PVA: foto parece ser de uma avoadinha (género Conyza)

Estas plantas que julgo ter fotografado nos passeios dos Olivais devem também em parte o seu desenvolvimento à pequena frequência com que passam pessoas pelos passeios.

Uma vez em Copenhague vi um jardineiro com um pequeno lança-chamas às costas que ia queimando as ervinhas no passeio por onde passava

PVA: Leontodon taraxacoides

Ao princípio pareceu-me um método muito eficaz e bastante melhor do que as ferramentas usadas no IST mas constatei que ao aproximar-se duma paliçada de madeira o homem quase que provocava um incêndio, mostrando os riscos do método. De qualquer forma seria uma pena queimar qualquer uma das plantinhas que estou mostrando

PVA: Erodium moschatum

Como as pedras da calçada têm dimensões parecidas, o diferente tamanho das pedras nas várias imagens que estou a mostrar sinalizam que as escalas das imagens são diferentes.

PVA: trevos

Para finalizar mostro um conjunto de florinhas num canteiro mais rochoso que está fora da calçada

PVA: Crepis capillaris






2018-03-12

Olivais Rock garden


Há muitos anos numas férias de verão passei por Edinburgo onde visitei o maravilhoso "Royal Botanic Garden Edinburgh", onde vi pela primeira vez um "Rock Garden". Na entrada em inglês na Wikipédia constata-se que não existe uma entrada sobre o mesmo tema em língua portuguesa.

A Estufa Fria em Lisboa tem recantos que se poderiam condiderar Jardins Rochosos, neste blog a palavra "jardim" mostrou um número inacreditável de posts, onde destaco este Jardim rochoso natural à beira-mar.

Nos Olivais não tenho encontrado jardins rochosos tão vastos. Mas gostei deste bocadinho de muro que passo a mostrar




2018-03-08

Os Presidentes da República Popular da China


Ao longo do tempo vamos ouvindo falar em Portugal com bastante frequência dos presidentes e dos primeiro-ministros de diversos países designadamente dos nossos vizinhos europeus, dos Estados Unidos da América e da U.R.S.S e depois da Rússia, dos de língua oficial portuguesa, do Médio Oriente, da União Indiana e também da República Popular da China.

Dada a história turbulenta da China nos séculos XIX e XX conforme referi aqui a organização do país não se estabilizou em 1949, data da proclamação da República Popular da China por Mao Zedong.

Depois dum início de reconstrução dum país devastado por uma guerra civil longa e por invasões estrangeiras o país teve ainda que suportar a Revolução Cultural (1966-1976) que referi aqui.

Durante esse período o líder supremo do país continuou a ser Mao Zedong que lançou a Revolução Cultural para recuperar o poder que deixara de ser tão absoluto.

Não sei se nessa altura já existia a figura política de “Presidente da República Popular da China”, desde Jiang Zemin o Presidente acumula este cargo com o de secretário-geral do PCC (Partido Comunista Chinês) e com a chefia das forças armadas chinesas

Tenho mantido interesse no que se passa na China mas, dada a ausência de obrigações profissionais ou pessoais, mantenho-me um curioso do que se passa num país com 1/5 da população mundial e que foi a civilização mais avançada do planeta durante muitos séculos.

Num breve curso que frequentei de introdução à língua chinesa a professora emprestou um livro com os pensamentos do presidente Xi Jinping. Na altura dei uma vista de olhos pelo livro e gostei de duas páginas ao ponto de as fotografar para memória futura, talvez mesmo para as mostrar neste blogue o que passo a fazer



Nestas páginas o autor procura as razões de a ciência e a tecnologia chinesas se terem atrasado em relação às ocidentais na transição da dinastia Ming para a dinastia Qing, referindo por exemplo que um mapa encomendado pelo imperador chinês aos missionários jesuítas acabou fechado no palácio imperial, enquanto era publicado na Europa, “fazendo com que, durante um período relativamente longo, o Ocidente conhecesse a geografia da China melhor do que os próprios chineses”.

E continua dizendo que esta história “demonstra que a ciência e a tecnologia devem combinar-se com o desenvolvimento social”, não basta estudar é preciso remover entraves institucionais existentes para fazer uma “transição para um crescimento com inovação”, título aliás do capítulo onde estão estas páginas, num livro intitulado “A Governança da China”.

Andei à procura do livro na net e constatei que está disponível na Amazon.co.uk na versão em português do Brasil bem como na Amazon do Brasil. Curiosamente não consta na Wook

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Isto faz-me lembrar um artigo longo (cerca de 8000 palavras, 12 páginas A4) que li na revista New Yorker, “Making China Great Again”, com o subtítulo “As Donald Trump surrenders America’s global commitments, Xi Jinping is learning to pick up the pieces” pelo repórter Evan Osnos.

Nele se fala dos ambiciosos investimentos no exterior, numa altura em que os E.U.A se retraem. A China, além dos numerosos investimentos em África, onde vai buscar as matérias primas que antigamente se dirigiam às fábricas europeias e americanas, lançou o programa “One belt, one road initiative”, onde se falam de 6 caminhos terrestres e um marítimo, que provavelmente se bifurcará em 2 quando o Árctico estiver navegável a maior parte do ano.

Nele a certa altura encontrei este texto
«
Across Asia, there is wariness of China’s intentions. Under the Belt and Road Initiative, it has loaned so much money to its neighbors that critics liken the debt to a form of imperialism. When Sri Lanka couldn’t repay loans on a deepwater port, China took majority ownership of the project, stirring protests about interference in Sri Lanka’s sovereignty. China also has a reputation for taking punitive economic action when a smaller country offends its politics. After the Nobel Prize was awarded to the dissident Liu Xiaobo, China stopped trade talks with Norway for nearly seven years; during a territorial dispute with the Philippines, China cut off banana imports; in a dispute with South Korea, it restricted tourism and closed Korean discount stores.
»

em que achei curiosa a referência à China ter emprestado tanto dinheiro que os críticos associam as dívidas a uma forma de imperialismo. Por exemplo quando o Sri Lanka não conseguiu pagar as dívidas contraídas para um porto de águas profundas a China tomou posse da maior parte do projecto.

Não me parece que a China seja original nesta área. Todas as potências dominantes emprestaram em excesso a países imprudentes criando dependência. Em tempos mais remotos os credores obtinham concessões de exploração de riquezas minerais, como por exemplo o petróleo, para cobrarem as dívidas, depois passaram a convertê-los em protectorados, como por exemplo o Egipto, com o mesmo fim, ultimamente o FMI e a União Europeia pressionam os Estados devedores a privatizar as empresas públicas que normalmente são vendidas a companhias com sede fora do país devedor dado que os capitalistas deste país não têm capital suficiente para as adquirirem.

Lembro-me da última fatia da privatização da EDP em que houve desilusão de alguns alemães que estavam à espera que essa parte fosse comprada por uma companhia alemã quando acabou vendida à Three Gorges, uma companhia propriedade do Estado Chinês. Antigamente os potenciais compradores eram todos de países ocidentais ricos, agora também é preciso contar com os chineses, com os árabes do petróleo, com os indianos, etc.

Este post fez-me ir ver à Wikipedia os sucessivos presidentes da RPC que apresento na tabela a seguir

Nome
(Nasc.- Morte)
 Presidente (Start-End)
Xi Jinping
(1953- )
 (Mar2013-
Hu Jintao
(1942- )
 (Mar2003- Mar2013)
Jiang Zemin
(1926- )
 (Mar1993- Mar2003)
Yang Shangkun
(1907-1998)
 (Abr1988-Mar1993) Repressão Tiananmen em Jun1989
Li Xiannian
(1909-1992)
 (Jun1983-Abr1988)
Liu Shaoqi
(1898-1969)
 (1959-1968) Preso de 1967 até à morte
Mao Zedong
(1893-1976)
 (Set1954-Abr1959) Revolução Cultural 1966-1976

Deng Xiaoping (1904-1997), Chefe do CC do PCC (1982-1987), das Forças Armadas (1981-Nov1989), não foi presidente, tendo por isso ficado fora da tabela, mas foi a figura politicamente mais importante da R.P.C. após a morte de Mao.

Noto que os 3 últimos Xi Jinping, Hu Jintao e Jiang Zemin foram os mais citados nos media ocidentais, pessoalmente reconheço a imagem de Xi Jinping e de Jiang Zemin, curiosamente deste último ficou-me a memória de ter visitado os E.U.A.. Vi aqui a história das visitas de estado de personalidades chinesas aos E.U.A. enquanto aqui as visitas de presidentes americanos à R.P.C. .

A importância de Mao Zedong é óbvia, em 2009 um guia turístico chinês informou-nos que se considerava actualmente que 70% das acções de Mao foram positivas enquanto 30% teriam sido negativas. No entanto num artigo do Economist citado na Wikipédia aparece:
«
“Had Mao died in 1956, his achievements would have been immortal. Had he died in 1966, he would still have been a great man but flawed. But he died in 1976. Alas, what can one say?” That was how Chen Yun, for decades one of China's senior Communist leaders, tried to summarise the complex historical legacy of Mao Zedong.
»
Lembro-me de ter ouvido falar de Liu Shaoqi, como um renegado durante a Revolução Cultural, e como vítima uns anos depois. Dos 3º e o 4º presidentes não se ouviu falar muito, nessa altura a figura mais importante era Deng Xiaoping, que iniciou a política “um país dois sistemas” dando origem ao impressionante crescimento da ecomomia da R.P.C.

As primeiras grandes aquisições chinesas em Portugal foram:
- Three Gorges (companhia estatal da China) comprou 21,35% da EDP em Dez2011
- State Grid (companhia estatal da China) comprou 25% da REN em Mai2012
constatando-se na tabela acima que foram feitas durante a presidência de Hu Jintao, um presidente discreto.

Recentemente a instituição chinesa competente para essa decisão aboliu o limite de dois mandatos sucessivos para o cargo de presidente da R.P.C.

A força das sociedades altamente hierarquizadas como a chinesa reside na rapidez com que são executadas as boas decisões tomadas por líderes competentes. A sua fraqueza consiste na rapidez com que são executadas as más decisões tomadas por líderes incompetentes.

Considerando o enorme peso que representa a condução dum país com a China, esta decisão de prescindir da limitação de dois mandatos parece-me muito imprudente. Custa acreditar que o país não consiga encontrar um líder excelente a cada 10 anos, precisando de continuar a depender dum líder que vai envelhecendo.

2018-03-06

A tempestade Ema na Praia da Rocha


Vi estas imagems impressionantes do molhe da Praia da Rocha durante a tempestade Ema neste sítio onde tem mais fotos das ondas


O molhe da Praia da Rocha tem 800 metros de comprimento, costumo usá-lo como referência quando vejo percursos  a pé no Google Maps, género são só 1600 metros, é como ir ao fim do molhe e voltar.

Ao ver toda esta espuma branca fico a pensar no tamanho que deveriam ter as ondas para rebentarem tão longe.

Na seguinte a espuma tapou o farolim!






2018-03-05

A poluição causada pelos plásticos


O João André escreve sobre este tema tão actual, com argumentos muito plausíveis e razoáveis como é seu hábito, neste post do Delito de Opinião de que retirei a figura a seguir